Um sábio guru hindu que vivia como mendigo, depois de uma longa jornada, resolveu pedir hospedagem no palácio de um nobre.
Chegando perto da torre onde um sentinela montava guarda, ele disse:
"Por favor, diga ao seu soberano que eu preciso me hospedar aqui no seu castelo".
Intrigado com a petulância do mendigo, o sentinela mandou avisar ao nobre senhor o que acontecia.
Este, impressionado com a petulância do mendigo, mandou-o entrar para lhe dar uma lição de moral.
"Como você, que é um mendigo, me pede hospedagem em meu castelo?" perguntou o nobre ao sábio que respondeu:
"A quem pertencia este castelo antes de você?"
"Ao meu pai", respondeu o nobre.
"E antes de seu pai, quem era o dono?",
"Era do meu avô, evidentemente", continuou o nobre;
"E antes do seu avô, a quem pertencia o castelo?" , insistiu o mendigo;
"Ora, ao meu bisavô", insistiu o nobre.
A conversa se estendeu por algum tempo, o mendigo sempre perguntando a quem tinha pertencido o castelo, e o nobre sempre confirmando a pose do castelo a seus antepassados.
Por fim, o sábio falou:
"Não percebe? todos os seus antepassados foram donos deste castelo e morreram, não puderam levá-lo para a outra vida; isto aqui é uma casa de passagem, como uma hospedagem, por isso lhe peço para ficar aqui uma noite, pois estou apenas de passagem".
O soberano, impressionado com o discurso do mendigo, convenceu-se de que o castelo na verdade não era dele, pois ele também iria morrer um dia e não poderia levar o castelo com ele.
Naquela noite, o sábio hospedou-se num castelo, mas ciente estava que tudo aquilo era apenas passageiro.
Assim também pensou o soberano.
-Contado pelo personagem Chakar,de Lima Duarte em"Caminhos das Índias"(novela muitas vezes,nos faz refletir...)-
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